25/12/2011

MODA - Retrato falado


Na era do conteúdo colaborativo, convidamos pessoas próximas da atriz Carolina Dieckmann para traçar um perfil fiel e contar histórias que você vai amar saber.
 

Nasce uma estrela

Carolina Dieckmann não era magrinha como hoje, aos 33 anos. Pelo contrário: tinha bochechas fartas e pernas e braços roliços. Uma das protagonistas da novela das 7 Vira-Lata, a menina era considerada (e tratada) como um novo talento. Em 1996, celular era artigo de luxo, e precisei ir até o Projac para lhe fazer um convite: uns dias de descanso no Castelo de Caras, na França. ali, naquele corredor, depois de poucas perguntas sobre as condições da viagem, a menina, que estava sem namorado, respondeu: "Vou, sim, com a minha mãe. Posso chamar uma amiga que mora na europa?" levei um susto com sua naturalidade. Como assim, ela vai e nem precisa confirmar com um "adulto"? Carolina sempre foi precoce.

Cerca de um ano depois dessa cena, ela voltava ao castelo da revista na França. desta vez, para casar com Marcos Frota, com quem já falava sorrateiramente ao telefone desde o ano anterior. No dia da cerimônia, perdeu a hora porque dormiu demais, usando um pijama com estampa de ursinho. eu mesma a sacudi na cama que dividia com o noivo: "a maquiadora está esperando". Emburrada e com sono, ela se deixou pintar e lavou o rosto quando viu o resultado: "Estou horrorosa. Nem morta caso assim". Não casou mesmo. Maquiou-se sozinha, com lápis, rímel e gloss. Carolina sempre soube o que queria.

A entrevistei muito mais de dez vezes. testemunhei seu primeiro casamento (assim como fui ao segundo, com seu atual marido, o gerente de programação do GNT Tiago Worcman, em 2007). Estive com ela em situações doloridas. em 1998, por exemplo, eu morava em Nova York, e Carolina, triste, passou uns 20 dias na minha casa se recuperando da interrupção natural de sua primeira gestação. Toda vez que saía para fazer compras voltava com sacolas de lojas infantis. Roupinhas, mamadeiras, brinquedos. Com jeitinho, eu dizia: "Você está se torturando". Ela respondia: "ano que vem, serei mãe". Dia 6 de abril de 1999, nascia Davi, seu primeiro filho. Carolina sempre conquistou o que queria.

Com o Davi já crescido, eu me lembro de uma noite em que seu avô materno passou por um sério problema de saúde. As visitas ao CTI estavam rigorosamente proibidas. A moça cismou que queria ver o "vovozão". O hospital era num lugar ermo, distante. "Carolina, você está louca. Não vão deixar você entrar." Duas horas depois, ela liga: "Entrei, conversei com ele, ficamos de mãos dadas e estou tranquila".Lógico que ela passou uma conversa no segurança e distribuiu uns autógrafos. Conseguiu. Carolina sempre acreditou nela mesma.

Depois de gravar a cena em que raspava a cabeça, interpretando a Camila de Laços de Família, me telefonou. Estava nervosa, excitada, ainda no carro, a caminho de casa. Tinha receio que Davi a estranhasse sem cabelos. Mas sua euforia deixava transparecer o que iria de fato acontecer: Quando o capítulo da novela fosse ao ar, ela deixaria para sempre de ser uma promessa e alcançaria outro patamar na televisão. Estrela. assim, porque ela quis.

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